Os quadris participam ativamente na geração de movimento, equilíbrio e força durante diversas atividades, principalmente as rotacionais - tênis, golfe, futebol, balé, caratê e tae-kwon-do. Esportes como esses elevam os movimentos da articulação ao extremo, tornando o praticante mais vulnerável ao aparecimento de lesões.

A articulação do quadril é formada pelo contato da cabeça do fêmur com o acetábulo (concavidade da bacia). Outras estruturas são importantes para a movimentação correta do quadril e completam o encaixe entre os dois ossos, como o labrum acetabular - fibrocartilagem responsável por amortecer os impactos, ampliar a área de contato entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, promover o fechamento da articulação do quadril, estabilizar o quadril e distribuir o líquido que lubrifica a articulação.

O movimento do quadril é amplo e definido pelo perfeito encaixe entre o fêmur e o acetábulo, com suas superfícies lisas e lubrificadas. Portanto, qualquer alteração na forma dos ossos ou nas condições da cartilagem pode comprometer a articulação, ocasionando lesões ou até mesmo o aparecimento de uma artrose (degeneração da articulação). A crescente adesão aos esportes tem aumentado o número de pessoas diagnosticadas com ‘síndrome do impacto’ e artrose do quadril.

Embora a predisposição anatômica conte muito, a sobrecarga esportiva pode ser proveniente de anos de treinamento irregular em modalidades de longa duração ou em atividades de movimentos bruscos e vigorosos de rotação e compressão dos quadris. O impacto repetido da articulação do quadril pode provocar a lesão do labrum e da cartilagem articular, resultando na degeneração da articulação.

Depois de um tempo, o paciente chega a sentir dor mesmo quando está sentado, sendo um possível candidato a uma cirurgia para colocação de prótese caso não haja detecção precoce do problema !

Um exame minucioso, que leve em conta o histórico do paciente e conte com radiografias e ressonância magnética complementares é fundamental, já que as lesões de quadril costumam acometer pessoas que já nasceram com alguma deformidade, ainda que durante muitos anos o problema tenha passado despercebido.

É muito comum os pais - e até mesmo alguns médicos - atribuírem a dor a uma distensão muscular, tratando paliativamente os sintomas, enquanto o desgaste da articulação do quadril avança. Em outros casos, a deformidade pode ser adquirida durante a fase de crescimento - entre 10 e 14 anos - passando despercebida ou com sintomas leves. Por isso, a detecção precoce requer uma importante avaliação não só de ortopedistas, mas de fisioterapeutas, reumatologistas, gastroenterologistas, ginecologistas, urologistas e clínicos gerais.

O tratamento é geralmente personalizado, de acordo com o nível dos danos. No caso de lesões agudas, conta-se com o uso de antiiflamatórios e analgésicos, interrupção dos movimentos que tenham impacto durante um período de até seis meses e fisioterapia. Para o paciente com dores persistentes, e que pretende retornar às atividades físicas ou profissionais, é indicada a artroscopia, técnica cirúrgica recomendada nos casos de deformidades geradas pelo impacto. Em lesões graves, com degeneração avançada, o especialista deverá considerar outras técnicas de tratamento da articulação lesionada em substituição à artroscopia, já que isoladamente ela não atingirá os melhores resultados. Vale ressaltar que a detecção precoce do problema é a chave para todo tratamento bem-sucedido.

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