Artrose é um termo genérico utilizado para determinar, basicamente, o desgaste de uma articulação.

Esta doença causa degeneração das cartilagens, sendo que é muito comum surgir no quadril, pois é uma região que sustenta boa parte do peso do corpo e que está sempre em movimento e, geralmente, acontece em pessoas acima dos 45 anos, mas também pode acontecer em pessoas mais jovens, principalmente no caso de atletas que utilizam muito a articulação.

Sendo assim, a artrose de quadril, também conhecida como coxartrose, osteoartrose de quadril ou artrose coxofemoral, nada mais é do que uma doença articular crônica, inflamatória e degenerativa, caracterizada pelo desgaste progressivo da cartilagem articular (cartilagem hialina) e posterior exposição e lesão do osso subcondral (osso localizado abaixo da cartilagem) da articulação do quadril. O desgaste da cartilagem leva ao atrito direto sobre o osso subcondral e ao longo da progressão da doença, por ser muito inervado, este passa a ser uma importante fonte de dor.

O desgaste articular obedece algumas fases. No início do processo, ocorre desorganização da estrutura de colágeno e a cartilagem sofre afilamento ou algumas irregularidades, mas ela ainda está presente recobrindo o osso. Em fases mais avançadas da doença, algumas regiões de cartilagem desaparecem completamente, ocorre, então, exposição do osso subcondral e os ossos acabam entrando em atrito direto uns com os outros. Esta fricção entre os ossos deforma as estruturas articulares, altera a capacidade de dissipação das cargas que passam pelo quadril e favorece a inflamação da articulação. Isso gera um processo intensamente doloroso e marcado por limitação da função do quadril e das atividades de vida diária do paciente, o que compromete diretamente sua qualidade de vida.

Particularmente, as articulações do quadril e do joelho são as mais suscetíveis à degeneração e isso está muito relacionado ao fato dessas articulações receberem muita carga durante as atividades do dia a dia e também durante atividades recreacionais ou esportivas de alto rendimento.   A artrose clássica acomete, normalmente, indivíduos mais velhos, chegando a estar presente em cerca de 10 a 20% da população acima de 60 anos. É mais comum em mulheres após os 45 anos, mas também está presente em homens até os 50 anos.

Normalmente não existe predominância de artrose no quadril direito ou esquerdo, nem em acometimento de um dos quadris ou de ambos. O que se sabe é que a artrose bilateral (presente nos dois quadris) está normalmente relacionada ao desgaste progressivo das articulações e a artrose unilateral (em apenas um dos quadris) está relacionada a causas secundárias, como é o caso de fraturas e doenças da infância que acometeram apenas um quadril.

Causas da artrose de quadril

Existem duas formas básicas de alterações: a artrose primária (ou idiopática) e a artrose secundária. Esses dois tipos são determinados de acordo com os fatores responsáveis pela causa da doença.

A artrose primária ocorre em cerca de 48% dos casos e é aquela em que, geralmente, não se é possível identificar a causa precisa do desgaste articular. São os casos em que apesar de uma avaliação bem detalhada e de uma boa análise clínica do paciente e dos exames de imagem, o fator causador da doença não pode ser claramente determinado. Até o momento, sabe-se que alguns fatores como predisposição genética, estilo de vida com intensa sobrecarga (atividades repetitivas de impacto nas articulações, a grande mobilidade da articulação do quadril e atividade física intensa) e desequilíbrios musculares podem estar relacionados à artrose primária.

Já a artrose secundária é responsável por cerca de 52% dos casos de desgaste da articulação do quadril e é basicamente definida por casos em que a degeneração foi provocada por defeitos congênitos ou adquiridos. Nesse contexto, dentre as causas mais comuns estão doenças da infância como displasia do desenvolvimento do quadril (alteração da forma do acetábulo- cavidade na qual a cabeça do fêmur se encaixa) e síndrome de Legg-Calvé-Perthes ou doença de Perthes (degeneração da cabeça do fêmur por falta de irrigação sanguínea); impacto femoroacetabular, processos inflamatórios ou infecciosos no quadril; distúrbios metabólicos e hormonais e também a obesidade.

Em particular, os distúrbios metabólicos e hormonais apresentam relação importante com o aparecimento de artrose, sobretudo nas mulheres. Isso ocorre normalmente na pós-menopausa, porque alguns hormônios, principalmente o estrogênio, tem impacto direto no metabolismo ósseo das mulheres.



Sinais e sintomas

Como a artrose é uma doença de progressão gradual, os sinais e sintomas do acometimento da articulação do quadril também seguem uma sequencia progressiva de leves e pouco limitantes para intensos e extremamente limitantes.

Inicialmente os sintomas são leves, a rigidez na articulação do quadril melhora ao longo do dia, a dor tende a diminuir ou passar completamente após um período de descanso e a limitação de movimento é muito leve. Contudo, no decorrer do processo, a doença e o comprometimento articular progridem e, assim, a rigidez na articulação passa a ser mais constante, as dores se tornam mais intensas, podem ser percebidas em outros locais (pode irradiar para a coluna lombar ou até o joelho) e não melhoram com o repouso e a limitação dos movimentos do quadril é cada vez maior.

Se o comprometimento articular for grande, o desconforto pode  ser permanente, esteja o paciente em pé, deitado ou se movimentando. Como consequência disso e na tentativa de controlar a dor, o paciente se torna cada vez menos ativo e pode passar a andar mancando, para evitar ao máximo a sobrecarga no membro com dor. Essas estratégias parecem ajudar, no início, mas na verdade contribuem para o agravamento do quadro, pois geram enfraquecimento dos músculos da perna e nádega, que são importantes protetores da articulação do quadril.

O avanço progressivo do comprometimento articular é quase uma regra, quando se trata de artrose do quadril. Isso sugere que a procura por tratamento seja feita quanto antes surgirem os sintomas.

Os sintomas mais comuns da artrose do quadril incluem:

  • Dor no quadril, que piora ao andar, ficar sentado por muito tempo ou ao deitar de lado sobre a articulação afetada;
  • Andar mancando, precisando de bengala para apoiar melhor o peso do corpo;
  • Sensação de dormência ou formigamento nas pernas;
  • A dor pode ir do quadril até o joelho na parte interna da perna;
  • Dor em queimação na batata da perna;
  • Dificuldade para movimentar a perna pela manhã;
  • Sensação de areia ao mexer a articulação.
  • Dificuldade de cortar as unhas dos pés, calçar meias, amarrar o sapato ou levantar da cadeira, cama ou sofá que sejam mais baixos.

Esta doença é causada pelo desgaste da articulação do quadril, geralmente em pessoas geneticamente predispostas, que acontece com a idade avançada, mas a artrose de quadril também pode surgir em jovens, devido a traumatismos locais causado por esportes, como corrida e levantamento de peso, por exemplo.


Diagnóstico e exames

O diagnóstico é feito basicamente por meio de avaliação clínica, na qual o profissional da saúde colhe todo o histórico da doença, coleta dados como força dos músculos glúteos, da coxa e perna, avalia a amplitude de vários movimentos do quadril e faz alguns testes para analisar a condição funcional do paciente.  Tudo isso para identificar alguns sinais e sintomas citados anteriormente.

Posteriormente também é realizada uma análise minuciosa dos exames de imagem como radiografias e ressonância nuclear magnética (RNM) do quadril. Esses exames são essenciais para a determinação do grau de comprometimento das estruturas articulares, sobretudo cartilagem e osso subcondral. É possível também determinar se existe redução do espaço articular (espaço entre a cabeça do fêmur e o acetábulo), presença de deformidades das superfícies articulares e proeminências ósseas ao redor da articulação do quadril (bicos de papagaio), o que representa um importante nível de sobrecarga dessa articulação.

Fisioterapia para artrose de quadril

O tratamento fisioterapêutico pode ser feito com o uso de aparelhos que aliviam a dor, uso de bolsas térmicas, massagens, tração manual e exercícios, para melhorar a amplitude, lubrificação e função da articulação, devendo ser feita diariamente ou, pelo menos, 3 vezes por semana.

Deve ser feito de forma individualizada. Geralmente a primeira opção é o tratamento conservador, que utiliza métodos não cirúrgicos como ferramentas de tratamento.  Essa abordagem pode ser feita através do uso de medicamentos anti-inflamatórios e condroprotetores e também com exercício físico específico, direcionado pela fisioterapia.

Sabe-se que os músculos são importantes estabilizadores e protetores das articulações, sendo assim, a abordagem de doenças articulares através de um enfoque direcionado e exercícios específicos vem ganhando cada vez mais espaço e notoriedade como opção eficaz de tratamento conservador.

A fisioterapia tem como objetivo inicial aliviar a dor, reduzir o processo inflamatório e promover ganho de amplitude dos movimentos do quadril (sempre que possível) através de recursos eletrotermofototerapêuticos (TENS, CIV, LASER, Ultra Som) e técnicas de liberação miofascial e mobilizações articulares. Em um segundo momento, o enfoque do tratamento passa a ser o ganho de força de músculos responsáveis pela estabilização da articulação do quadril. Essa abordagem faz com que a musculatura passe a ter melhores condições de absorver as cargas que passam pela articulação durante as atividades do dia a dia ou das atividades esportiva e consequentemente impede que essas cargas sejam dissipadas na cartilagem e no osso subcondral (que é uma importante fonte de dor, nesse caso). Isso, além de melhorar a função do paciente, possibilita alivio dos sintomas e melhora da capacidade física do mesmo.

O fortalecimento muscular evita a progressão da artrose, pois estabiliza a articulação e impede o atrito e sobrecarga nas superfícies desgastadas. Por fim, o tratamento progride para uma etapa de reequilíbrio da musculatura do tronco e membros inferiores em geral, treino do controle do movimento, treino de estabilidade em superfícies estáveis e instáveis e treino do gesto esportivo (quando necessário), na tentativa de devolver o paciente para o seu ambiente de vida, da melhor forma possível.

A fisioterapia não tem capacidade de reverter os danos já instalados na articulação acometida pelo desgaste, porém auxilia no controle da dor, melhora da função e, sobretudo, tem potencial para impedir a progressão da doença para níveis mais incapacitantes. Atrelado a isso, sabe-se também que em qualquer tipo de artrose nos membros inferiores, seja no quadril ou joelho, a perda de peso e a fisioterapia serão aliados contra o problema.

Muitas vezes a realização da cirurgia e colocação da prótese de quadril é inevitável, mas uma abordagem conservadora feita de forma correta pode ser muito eficaz na restauração da função do quadril e redução dos sintomas, devolvendo qualidade de vida ao paciente, postergando a cirurgia.


Exercícios

Os exercícios, como hidroginástica, Pilates, bicicleta ou outros exercícios que não piorem a dor são importantes para fortalecer a musculatura e proteger as articulações do corpo. Assim, é recomendado fortalecer os músculos da coxa, e fazer alongamentos, exercícios funcionais.

Os exercícios podem ser iniciados com faixas elásticas, mas é importante ir aumentando o grau de dificuldade usando pesinhos que podem chegar até 5kg em cada perna.

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