Segundo o estudo português Artrite Reumatóide em Portugal - Viver ou Sobreviver?, divulgado no início de abril, em Portugal, um em cada dez doentes com artrite reumatóide, naquele País, precisou pedir a aposentadoria antecipada devido ao impacto da doença. A pesquisa, realizada, em 2009, pela Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide (Andar) revelou também que os pacientes que se aposentaram antecipadamente devido à artrite reumatóide continuam se queixando do seu estado de saúde, mesmo depois de abandonar as atividades laborais. De acordo com a associação, em Portugal, a artrite reumatóide atinge mais de 40 mil pessoas, e as mulheres, entre os 30 e os 50 anos, são as grandes vítimas desta doença que atinge principalmente as articulações.
A doença é a segunda patologia reumática que mais acomete a população no Brasil, só sendo superada pela osteoartrose. Especialmente, nas pessoas com mais idade, essa doença provoca deformidades nas articulações e as mãos adquirem características típicas do reumatismo. No Brasil, as doenças reumáticas representam o segundo maior gasto do país relativo às faltas ao trabalho e à aposentadoria por invalidez. Como a artrite reumatóide é uma doença grave, progressiva e incapacitante, para requerer o benefício por incapacidade é preciso marcar uma perícia médica no INSS.
Atualmente, tramita no Senado Federal, o Projeto de Lei N °467/03 que pretende estender aos servidores portadores de lúpus, epilepsia ou artrite o direito à aposentadoria com proventos integrais. Em sua justificativa, o senador autor da proposta ressalta as características das três doenças, suas consequências para o ser humano, o fato de serem incuráveis e como esses males acabam por incapacitar o trabalhador para as suas tarefas diárias.
Na osteoartrite, são mais atingidas as articulações distais, especialmente a interfalangiana distal, localizada mais perto das unhas e há a formação de pequenos nódulos, chamados nódulos de Heberben.
O reumatismo é uma doença que acomete crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, e existem tipos preferenciais de acordo com a idade. A febre reumática, por exemplo, acomete principalmente crianças. O lúpus eritematoso sistêmico, uma doença auto-imune, em geral, se manifesta no sexo feminino, durante a puberdade, quando ocorrem alterações hormonais em virtude da transformação do sistema endócrino. Já nas pessoas de mais idade, os tipos predominantes são, sem dúvida, a artrose e a artrite reumatóide.
Em geral, quando falamos em artrite, estamos nos referindo à artrite reumatóide, doença que envolve alterações de genes ligadas a um fator externo que não se conhece exatamente qual seja, mas que desencadeia o processo. Comumente, é fácil encontrar pessoas que fazem confusão entre artrose e artrite. Basicamente, a diferença entre osteoartrite, nome correto da artrose, e artrite reumatóide é que a primeira acomete pessoas de idade mais avançada, enquanto a segunda pode ocorrer em todas as idades e sua incidência é maior no sexo feminino.
Em relação ao tipo de articulação atingida, há também algumas diferenças. Embora ambas acometam as mãos, na artrite reumatóide, as articulações envolvidas são as mais proximais, ou seja, as mais próximas do punho e o próprio punho.
Praticamente todas as pessoas com mais de 60 anos têm artrose. Por isto, é preciso proteger tudo o que está em volta das articulações: ligamentos, tendões, músculos. A atividade física correta ajuda a manter e a desenvolver adequadamente as estruturas que cercam a articulação a fim de garantir a movimentação.
Se a pessoa tem uma dor no joelho e fica sentada o dia todo assistindo à televisão, os músculos acabam se atrofiando e, um dia, ela não se levantará mais. O paciente acha que a artrose destruiu seu joelho. Grande parte das vezes, a doença é discreta, mas não há mais músculos para andar. Por isso, os cuidados com os idosos estão mais ligados à preservação dessas estruturas do que propriamente ao tratamento direto da articulação.
Atualmente, existem medicamentos anti-artrósicos, que bloqueiam ou diminuem a ação da osteoartrose. O transplante de cartilagem já existe, porém ainda é considerado um método com limitações e que não apresenta a efetividade que se esperava do método, no início de seu emprego.
Já quem sofre com artrite reumatóide apresenta alterações na articulação metacarpofalangiana, que se localiza entre os ossos da mão e a primeira articulação dos dedos. Estes desvios são chamados de desvios cubitais.
Normalmente, os tendões flexores e extensores dos dedos precisam ficar bastante equilibrados. Quando as articulações metacarpofalangianas inflamam, eles se deslocam para o lado cubital. Disso decorre outra alteração importante, o zigue-zague da articulação interfalangiana proximal. Essa deformidade é chamada de pescoço de cisne, por causa da conformação que o dedo assume se visto de perfil.
Quem tem artrite reumatóide se queixa de uma dor constante, que vai deixando o paciente irritado e, posteriormente, deprimido. No começo, dor e rigidez se manifestam só pela manhã. O paciente acorda e se "sente enferrujado". Suas mãos estão duras e doloridas e só depois de uma hora voltam ao normal. Daí em diante, os sintomas desaparecem para reaparecer na manhã seguinte. Isso acontece porque o processo inflamatório está começando a estabelecer-se e, durante o repouso, a pessoa acumula líquido dentro das articulações. Quando acorda, enquanto não se movimenta o bastante para reduzir a quantidade de líquido dentro da cápsula, a dor não desaparece.
Um dos problemas dos quadros de artrite reumatóide é que os pacientes se acostumam com estes sintomas matinais e deixam de procurar o médico quando eles aparecem. Os que procuram um médico especialista no estágio inicial do quadro, terão melhor prognóstico da doença, pois o reumatologista pode indicar a medicação mais adequada para cada caso, o que proporcionará ao paciente uma evolução muito melhor. Como para estabelecer um quadro completo da doença, registrando alterações clínicas e laboratoriais, é necessário tempo, no caso de suspeita de artrite reumatóide, é possível ir tratando a doença para evitar os sintomas desagradáveis dela decorrentes.
Nos últimos anos, os avanços no tratamento da artrite reumatóide foram muitos. Há 50 anos, quando surgiu a cortisona, ela era utilizada amplamente nos pacientes que sofriam de artrite com excelentes resultados no combate à dor. Achávamos que tínhamos encontrado a cura para a artrite reumatóide. Pouco tempo depois, porém, verificou-se que os efeitos colaterais dos corticóides, especialmente em doses altas, eram piores do que a própria doença e o uso de cortisona foi cada vez menos indicado. Hoje, sabemos que doses pequenas de corticóides, aplicadas por períodos curtos, desempenham papel importante no tratamento da artrite reumatóide.
No passado, esperávamos que os sintomas da artrite reumatóide ficassem realmente incômodos para iniciar o tratamento porque os efeitos colaterais dos remédios eram problemáticos.
Hoje, há uma tendência entre os reumatologistas de iniciar precocemente o tratamento para que as deformidades - motivo pela qual a doença se torna incapacitante - não surjam. No entanto, o tratamento de doenças com conotação genética visa tirar o paciente da crise e fazer com que ele volte ao seu estado normal, porque houve uma remissão da doença. Isso acontece com inúmeras patologias: diabetes, hipertensão, bronquite asmática, enxaqueca. O reumatismo se encaixa neste quadro também. É uma doença incurável, que demanda tratamento contínuo, mas que permite que o paciente leve uma vida normal.
A descoberta de novos antiinflamatórios foi mais uma arma para fazer com que a doença regrida. Os medicamentos produzidos por engenharia genética são opções terapêuticas, mas por serem extremamente caros impedem a utilização ampla pela população afetada pela doença. Estamos confiantes nas novas pesquisas, pois, cada vez mais, estamos chegando mais perto dos genes responsáveis pelo aparecimento da doença. Na hora em que conseguirmos manipulá-los para impedir sua manifestação, terá sido dado o passo definitivo para o controle dessa enfermidade.
Espero que tenha gostado da nossa abordagem.
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