O envelhecimento é um processo natural na vida dos seres vivos, no qual, ocorrem alterações biológicas, psicológicas e sociais. Essas, à medida que o tempo passa, leva a uma diminuição gradual das capacidades de adaptação e de desempenho psicofísico do individuo(AZEVEDO, 2008 e TORRES et al., 2013).

A população brasileira está em fase de envelhecimento, em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em quantidade de pessoas idosas, e a mudança na expectativa de vida aumenta a probabilidade de instalação de doenças crônico-degenerativas osteoarticulares(MADUREIRA,1998 e TORRES, 2013).
Na população idosa, a patologia mais comum é a osteoartrose (OA), caracterizada por ser uma doença degenerativa e inflamatória que atinge as articulações sinoviais e promove alterações na cartilagem articular, dando origem a zonas de fibrilação e fissuração, onde podem ser observados micro fraturas, cistos, escleroses subcondrais e formação de osteofitos nas bordas articulares, levando assim a uma deformidade da articulação (MELO, 2008 e FRANCO, 2009). Dentre as articulações, as mais acometidas pela disfunção são os joelhos (WIBELINGER, 2012). A OA é uma disfunção que afeta quase uma totalidade da população com mais de 50 anos, embora nem sempre tenham sintomas aparentes. Cerca de 85% das pessoas com mais de 70 anos apresentam diagnóstico radiológico de artrose, dentre essa porcentagem as mulheres são mais afetadas do que os homens (FRANCO, 2009 e CAMARGOS, 2004).

A sintomatologia da patologia surge como artralgia, principalmente durante as atividades de vida diária, rigidez e limitação da função articular (AVELAR, 2010 e FREITAS, 2012). Na OA tem se observado uma diminuição da força de flexores e extensores de joelhos precocemente, o que está relacionado à redução da capacidade funcional e a habilidade em realizar atividades como subir escadas, levantar, sentar e caminhar (MELO, 2008). Em comparação a indivíduos saudáveis, indivíduos com OA apresentam maior dificuldade para realizar atividades funcionais (CAMARGOS, 2004).

A fisioterapia vem atuando de diversas maneiras contra a OA, utiliza aparelhos analgésicos, exercícios, crioterapia e hidroterapia. Contudo os exercícios têm mostrado um papel fundamental na prevenção e/ou no tratamento das limitações funcionais associadas às doenças articulares (WIBELINGER, 2012). A atividade física deve ser considerada como uma alternativa não-farmacológica de tratamento aos quadros crônicos de dor (MORCELLI, 2010).

Este trabalho tem como objetivo fazer um comparativo entre idosos com osteoartrite que praticam exercícios físicos e sedentários, mostrando suas vantagens e desvantagens.

MATERIAIS E MÉTODOS

Neste artigo de revisão, realizou-se busca de literatura nas seguintes bases de dados: PUBMED, SCIELO, LILACS, SCIRUS. Sendo os descritores utilizados: osteoartrose, atividade física, qualidade de vida, envelhecimento e os seus respectivos em inglês. Foram selecionados estudos nos quais aparecessem pesquisas sobre o exercício aeróbio e de força para prevenção de distúrbios osteoarticulares no idoso. Considerou-se apenas artigos publicados de 2003 até 2015, sendo apenas um artigo de 1998, todos os outros são posteriores a 2003, tendo como preferência artigos originais, utilizando apenas dois artigos de revisão e que apresentaram correlação no mínimo entre dois dos descritores citados acima. Foram excluídos os artigos que apresentaram grande abrangência de tratamentos para osteoartrose, focando assim na aplicação dos exercícios aeróbios e de força para a população estudada.

RESULTADOS

Foram analisados doze trabalhos, dos quais oito concordam que o exercício aeróbio ou de força tem efeito direto na prevenção ou tratamento da osteoartrose em pessoas mais velhas. Quatro trabalhos mostram que o exercício não possui tanta influência no tratamento da osteoartrose, tendo resultados insignificantes. Na tabela a seguir, todos os resultados de forma resumida.

osteoartrose-idosos-01
Tab. 01

DISCUSSÃO

Com o aumento da população idosa e da expectativa de vida, surgem com maior frequência doenças e comorbidades relacionadas ao processo de envelhecimento (MORCELLI, 2010). Grande parte das limitações nas pessoas de maior idade está intimamente relacionada ao sedentarismo, podendo ser prevenida ou tratada com estratégias que envolvem a atividade física nas suas mais diferentes modalidades e com os mais diversos objetivos (AZEVEDO, 2008).

A falta de atividade física ocasiona problemas nas articulações, podendo gerar dor, uma vez que, o exercício melhora a circulação sanguínea e o movimento das articulações (MORCELLI, 2010). Neto (2011) afirma em seu estudo que, tanto idosos ativos como sedentários, tiveram uma redução da qualidade de vida identificada nos domínios diretamente relacionados à função física (capacidade funcional, aspectos físicos e dor). De acordo com Picoli (2011), homens e mulheres idosos com menor atividade física possuem também diminuição na massa muscular e maior prevalência de incapacidade física. A prática regular de exercícios físicos desde a fase de adolescente a jovem adulto retarda a perda muscular do idoso. E segundo ele, a intervenção mais eficaz para a prevenção e recuperação da perda muscular são os exercícios de resistência. Contudo, Pedrinelli (2009) afirma em seu estudo que não existem diferenças significantes entre os exercícios aeróbios comparados com o fortalecimento muscular na melhora da algia e da função.

Segundo Matsudo (2009), a osteoartrose é a doença mais recorrente das afecções das articulações sinoviais, com dor substancial e incapacidade. A dor associada a essa patologia é a principal causa de restrição da atividade física em idosos. Segundo Biasoli (2003), os exercícios físicos tem atuação direta no controle da dor e na manutenção da função articular, sendo talvez a melhor opção para casos discretos e moderados de OA. O programa de exercício físico aeróbio ajudou a reduzir o quadro álgico em idosos com OA de joelhos (FREITAS, 2012). Com relação à osteoartose, Pedrinelli (2009) afirma que o treinamento físico não possui impacto sobre o processo fisiopatológico da doença e que ele é efetivo no controle da algia e na melhora da função do idoso.

Segundo Azevedo (2008), quanto mais ativa é uma pessoa, menos restrições físicas ela possui. Dentre os incontáveis benefícios que a prática de exercícios físicos promove, um dos principais é a proteção da capacidade funcional em todas as idades, principalmente nos idosos. O exercício age de forma benéfica tendo efeito diretamente relacionado ao órgão ou sistema exercitado, como por exemplo, prática de alongamento muscular e ganho de flexibilidade(MORCELLI, 2010). De acordo com Queiroz (2006), é importante ressaltar que a prática regular da atividade física é favorável ao bom funcionamento global do organismo, reduzindo limitações e dores articulares por desuso.

De acordo com Matsudo (2009), a restrição à atividade física leva a fraqueza e hipotrofia muscular, diminui o condicionamento físico, aumentando a dor e levando o individuo a incapacidade física. O mesmo afirma que em um paciente com OA e com essa restrição pode existir uma elevação da dor e uma aceleração do comprometimento físico. A diminuição da função dos músculos quadríceps e isquiotibiais apresenta-se potencializado na população idosa com OA de joelhos, podendo ser atribuído ao menor nível de atividade física (ZACARON, 2006). Melo (2008) afirma que apesar do incremento de força muscular de flexores e extensores do joelho dos idosos decorrentes da prática de atividade física, especialmente em programas ligados ao treinamento de resistência muscular, em seu estudo não verificou diferença significativa entre o grupo de idosos sedentários e ativos. É importante ter um cuidado especial para sinais e sintomas de exercícios excessivos, pois estes podem trazer maiores prejuízos à articulação (AZEVEDO, 2008).

De acordo com Azevedo (2008), uma das atividades mais procuradas para a prevenção da OA é a aquática. As propriedades físicas da água promovem uma sensação de redução corpóreo, liberação das articulações, bom funcionamento do sistema termorregulador, melhor irrigação, promove ainda o envolvimento da maior parte dos músculos, aumentando o tônus muscular(AZEVEDO,2008 e QUEIROZ, 2006). Facci (2007) em seu estudo em meio aquático, afirma que em relação ao ganho de força muscular, os resultados não foram significantes. De acordo com Queiroz (2006), a articulação normal, tolera exercícios de baixo impacto por períodos longos, sem consequências adversas ou aceleração do desenvolvimento da OA, enquanto que, exercícios vigorosos ou com carga, promove a aceleração do desenvolvimento do processo degenerativo.

Há um aumento da prática de atividades físicas pela terceira idade em busca de qualidade de vida e independência funcional, contudo ainda faltam dados confiáveis sobre os efeitos das atividades físicas nos idosos, como por exemplo quais os benefícios, riscos, tipo, intensidade e contribuição para a manutenção da saúde e independência funcional (Zancheta, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o envelhecimento da população e a presença cada vez maior de doenças crônico-degenerativas, como a osteoartrose, os estudos analisados mostram uma real influência do exercício aeróbio e o de resistência no tratamento e prevenção da osteoartrose em pessoas idosas. Então, dessa forma, mostrando que o sedentarismo só tende a acelerar o desenvolvimento da patologia. Contudo, ainda existem estudos, nos quais, o exercício não surte muito efeito na patologia. É necessário saber a real influência do exercício físico na doença. É fundamental a realização de mais estudos sobre o desenvolvimento e intensidade da osteoatrose em pessoas que praticam atividade física e em sedentários.

REFERÊNCIAS

1. AVELAR, N. C. P. Caracterização e efeitos da adição de vibração de todo o corpo aos exercícios de agachamento em idosos com osteoartrite de joelho.112. Dissertação – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. 2010

2. AZEVÊDO, É. C.; TRIBESS, S.; CARVALHO, K. de C. Benefícios da prática de atividades aquáticas na melhoria da qualidade de vida em idosos portadores de osteoartrose. XII Encontro Latino Americano de Iniciação cientifica e VIII Encontro Latino Americano de Pós-graduação – Universidade do Vale do Paraíba. 2008.

3. BIASOLI, M. C.; IZOLA, L. N. T. Aspectos gerais da reabilitação física em pacientes com osteoartrose. Rev. Bras. Med.,v.60, n.3, mar 2003.

4. CAMARGOS, F. F. O.; LANA, D. M.; DIAS, R. C.; DIAS, J. M. D. Estudo da propriocepção e desempenho funcional em idosos com osteoartrite de joelhos. Rev. bras. fisioter. Vol. 8, No. 1, p.13-19, 2004.

5. FACCI, L. M.; MARQUETTI, R.; COELHO, K. C. Fisioterapia aquática no tratamento da osteoartrite de joelho: série de casos. Fisioterapia em movimento. Curitiba. v.20, n.1, p.17-27 jan/mar 2007.

6. FRANCO, L. R.; SIMÃO, L. S.; PIRES, E. D. O.; GUIMARÃES, E. A. Influência da idade e da obesidade no diagnóstico sugestivo de artrose de joelho. ConScientiae saúde. v.8, n.1, p.41-46, 2009.

7. FREITAS, D. A. et al. Efeito de um programa de treinamento aeróbio na dor, desempenho físico e funcional e na resposta inflamatória em idosos com osteoartrite de joelho – resultados preliminares. Ter Man. v.10, n.47, p.52-59, 2012.

8. MADUREIRA, A. S.; LIMA, S. M. T.Influência do treinamento físico no meio aquático para mulheres na terceira idade. Revista brasileira de atividade física e saúde.  v.3, n.3, 1998.

9. MATSUDO, V. K. R.; CALMONA, C. O. Osteoartrose e atividade física. Diagn Tratamento.v.14, n.4, p.146-51, 2009.

10. MELO, S. I. L. et al. Avaliação da força muscular de flexores e extensores de joelho em indivíduos com e sem osteoartrose. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum. v.10, n.4, p.335-340, 2008.

11. MORCELLI, M. H.; FAGANELLO, F. R.; NAVEGA, M. T. Avaliação da flexibilidade e dor de idosos fisicamente ativos e sedentários. Ter Man. v.8, n.38, p.298-304, 2010.

12. NETO, E. M. de F.; QUELUZ, T. T.; FREIRE, B. F. A. Atividade física e sua associação com qualidade de vida em pacientes com osteoartrite. Rev. Bras. Reumatologia. v.51, n.6, p.539-549, 2011.

13. PEDRINELLI, A.; GARCEZ-LEME, L. E.; NOBRE, R. do S. A.. O efeito da atividade física no aparelho locomotor do idoso. Rev. Bras. Ortop. v.44, n.2, p.96-101, 2009.

14. PEREIRA, R. P.; AMORIM, V. M.; SANDOVAL, R. A.. Eficácia da hidroterapia em mulheres com osteoartrose de joelho: relato de casos. Revista digital. Buenos Aires. v.14, n.142, mar. 2010.

15. PÍCOLI, T. da S.; FIGUEIREDO, L. L. de; PATRIZZI, L. J. Sarcopenia e envelhecimento. Fisioterapia mov. Curitiba, v.24, n.3, p.455-462, jul/set 2011.

16. QUEIROZ, L. F.; ROSA, A. S. da; PADILHA, R. F. F.; CARVALHO, P. de T. C. de. Efeitos da hidroterapia em pacientes idosos com osteoartrose de joelhos. Terapia manual. v.4, n.16, p.93-96, 2006.

17. TORRES, A. G. et al. Efeito da prática de caminhada de idosos em grupo: um olhar do protagonista. J Manag Pring Health Care. v.4, n.1, p.19-26, 2013.

18. WIBELINGER, L. M. Efeitos da fisioterapia convencional e da wiiterapia em mulheres idosas com osteoartrite de joelhos.93. Tese – Universidade católica do Rio Grande do Sul, 2012.

19. ZACARON, K.A.M.; DIAS, J.M.D.; ABREU, N.S.; DIAS, R.C. Nível de atividade física, dor e edema e suas relações com a disfunção muscular do joelho de idosos com osteoartrite. Rev. Bras. Fisioter., São Carlos, v.10, n.3, p.279-284, jul/set 2006.

20. ZANCHETA, S. C.; ALONSO, A. C.; PEDALINI, M. E. B.; GREVE, J. M. A.. Análise do equilíbrio postural em idosos saudáveis praticantes e não praticantes de corrida de longa distância. Geriatria e gerontologia. V.5, n.4, p.196-200, 2011.



Espero que tenha gostado da nossa abordagem.
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